Diabetes e a Perda Auditiva: uma conexão silenciosa

Pessoas com diabetes possuem duas vezes mais chances de desenvolver perda auditiva. Entenda o motivo e saiba como prevenir e tratar o problema.

A diabetes é uma doença crônica que afeta milhões de pessoas em todo o mundo. Segundo dados do Ministério da Saúde, em 2021 a estimativa era de que cerca de 16 milhões de brasileiros convivessem com a doença. Caracterizada pela incapacidade do corpo de regular eficazmente os níveis de açúcar no sangue, a diabetes pode causar uma série de complicações graves, incluindo doenças cardíacas, danos nos rins, problemas de visão e muito mais.

No entanto, uma complicação menos conhecida e frequentemente negligenciada da diabetes é a perda auditiva. Vamos explorar a relação entre diabetes e a perda auditiva, examinando como a doença pode afetar a audição, o que pode ser feito para prevenir esse problema e como diagnosticar a perda auditiva causada pela diabetes.

Diabetes e a perda auditiva

Como a diabetes afeta a audição? A conexão entre diabetes e perda auditiva pode ser surpreendente para muitos. No entanto, diversos estudos médicos têm demonstrado que a diabetes pode ter um impacto significativo na audição e no sistema auditivo. Existem várias maneiras pelas quais a diabetes pode afetar a audição e a maioria delas é desconhecida dos pacientes que possuem a condição.

Em geral, os diabéticos têm duas vezes mais chances de desenvolver perda de audição leve a moderada e zumbido, do que com pessoas sem a doença. Isso torna a perda auditiva neurossensorial muito comum entre essas pessoas.

Primeiramente, a diabetes pode prejudicar a circulação do sangue em todo o corpo, incluindo os vasos sanguíneos pequenos e delicados do ouvido interno. Isso pode resultar em danos aos tecidos do ouvido e afetar negativamente a audição. Além disso, a doença também pode causar inflamação crônica, que pode afetar as estruturas do ouvido interno. As chamadas “otites de repetição” causam danos às células sensoriais do ouvido e reduzem a capacidade de detectar e processar o som.

Indo além, a neuropatia diabética é uma complicação comum da doença, na qual os nervos de todo o corpo são danificados devido a níveis elevados de açúcar no sangue. Isso pode incluir as terminações nervosas que são essenciais para a audição, resultando em uma perda auditiva, que afeta a capacidade de perceber sons com clareza.

Por fim, o diabetes pode afetar o equilíbrio de fluidos no ouvido interno, levando a distúrbios do equilíbrio e vertigem, além da perda auditiva. Por isso, é comum que pacientes com a doença apresentem quadros de zumbido, caracterizado por um ruído persistente e bastante incômodo no ouvido, como um chiado, apito ou o barulho de um inseto que só o paciente ouve. O zumbido é uma condição específica, que pode ou não ser acompanhada de perda auditiva.

Tudo isso aumenta consideravelmente as chances de perda auditiva. Por isso, a prevenção bem como o diagnóstico correto e intervenção precoce ajudam a evitar o problema ou a piora do quadro.

Como se dá a prevenção? Em geral, os danos auditivos são mais comuns em pacientes com diabetes tipo 2. A boa notícia é que existem medidas que os pacientes podem tomar para prevenir ou reduzir esse risco.

A primeira delas é manter o controle rigoroso do açúcar no sangue. Manter os níveis de glicose dentro da faixa alvo é fundamental. Isso pode ser alcançado por meio de uma dieta equilibrada, exercícios regulares e medicação conforme orientação médica. Converse com o especialista e adquira hábitos saudáveis para ajudar a manter a glicose controlada. Muitas vezes, a simples mudança no estilo de vida, como alimentação e exercícios, ajuda a melhorar quadros de zumbido, por exemplo.

Assim como é feito com a visão, diabéticos devem fazer o controle constante de sua audição. Isso inclui a realização de exames auditivos regulares, como audiometria e emissões otoacústicas. Nos casos de zumbido, é indicada ainda a acufenometria.

Esses exames são realizados pelo profissional fonoaudiólogo, são indolores e são feitos em ambiente acústico controlado. Isso ajudará a identificar qualquer perda auditiva o mais cedo possível, permitindo o tratamento adequado. Quanto antes for identificada a perda, mais fácil será o tratamento, evitando danos maiores ao ouvido.

Todas as pessoas, incluindo diabéticos, devem evitar exposição a ruídos elevados, como música alta ou máquinas barulhentas. Isso inclui o uso de fones de ouvido com som elevado e por grandes períodos de tempo. Essas atitudes podem reduzir o risco de danos auditivos adicionais.

O sistema auditivo é sensível e por isso mesmo manter uma vida saudável é fundamental para seu funcionamento. Comer bem, evitar o estresse, não consumir bebida alcoólica em excesso, praticar exercícios e não fumar são práticas que ajudam a manter a saúde do corpo e dos ouvidos.

Diagnóstico O diagnóstico precoce é fundamental para o tratamento eficaz da perda auditiva relacionada à diabetes. Existem várias etapas que podem ser seguidas para diagnosticar essa condição:

1. Avaliação clínica: O primeiro passo é conhecer a história do paciente, condições de saúde, uso de medicamentos, histórico de exposição a ruídos altos e quaisquer sintomas relatados, como dificuldade para ouvir, zumbido nos ouvidos ou tontura.

2. Exame audiométrico: saber como está a audição do paciente é fundamental para compreender as queixas e sintomas apresentados. Na maioria das vezes, a progressão da perda auditiva é lenta e os primeiros sintomas são zumbido e dificuldade de entender a fala em ambientes ruidosos.

3. Avaliação complementar da audição: Testes como a timpanometria, emissões otoacústicas e o potencial evocado auditivo de tronco encefálico (PEATE/BERA) podem ser realizados para avaliar não só o limiar auditivo mas também como está o funcionamento de toda a via auditiva.

Tratamento O tratamento da perda auditiva relacionada à diabetes dependerá das características da perda. Por isso, é importante uma avaliação completa, tratando cada caso individualmente. O importante é lembrar que existem uma série de tratamentos e dispositivos que podem ser usados para amenizar os sintomas de zumbido e reabilitar a audição, além de devolver qualidade de vida ao paciente.

Entre os tratamentos mais indicados, na presença de perda auditiva, é a adaptação de próteses auditivas. Existem muitos modelos no mercado, com alta tecnologia e indicados para diferentes necessidades.

Todas essas intervenções devem ser acompanhadas do cuidado com os níveis de açúcar no sangue para controle da diabtes e da progressão da perda auditiva. Por isso, é importante continuar com os cuidados preventivos, como exames regulares e controle da diabetes, para evitar mais danos, não só à audição mas a saúde em geral.

A conexão entre diabetes e perda auditiva é uma realidade muitas vezes negligenciada, mas que merece nossa atenção. Com o tratamento adequado e o controle da diabetes, muitos pacientes podem melhorar sua qualidade de vida e preservar sua audição. A conscientização sobre a importância para os diabéticos de cuidar da saúde auditiva e manter os exames em dia é o primeiro passo para uma vida mais saudável.
Outras Publicações
O que procura?
Endereço Fonotom
Fale com a Fonotom