Zumbido em crianças e adolescentes: entenda como o problema afeta os mais jovens

Vários fatores podem desencadear zumbido em crianças e adolescentes e os pais tem dificuldades em identificar o problema. O diagnóstico precoce é a melhor solução.

zumbido É muito comum falar de problemas como zumbido e tontura em adultos, principalmente idosos. Mas o que pouca gente sabe é que esses males também afetam crianças e adolescentes. Os pequenos podem ouvir ruídos anormais nos ouvidos, mesmo em idade pré-escolar. No entanto, na maioria dos casos podem não conseguir expressar o que sentem, ou sequer percebem que existe um som de zumbido incomum, pois acabam se acostumando com o barulho, como se fosse algo “normal”.

Um estudo realizado com 506 crianças, de 5 a 12 anos, em escolas públicas e privadas lançou uma simples pergunta: “você ouve algum barulhinho nos seus ouvidos quando está tudo em silêncio?”. Foi constatado que 37% dessas crianças tinham a percepção de zumbido. E, mais do que isso, muitas delas simplesmente não relatavam o problema. Ficou claro que eles não se sentem incomodados com o zumbido e não contam aos pais - geralmente porque acham que “é normal” ou que “todo mundo tem” ou porque dormem com a TV ligada, o que “mascara” o zumbido.

Outro estudo, realizado com 170 adolescentes entre 12 a 17 anos, apontou que 54,7% percebiam o zumbido, além de conseguirem explicar como era o som, onde o percebiam (ouvidos ou cabeça) e em que situações ele aparecia. O problema pode ocorrer por fatores externos, como música alta ou prática de esportes mais violentos. “Na maioria das vezes, o zumbido é um sintoma de que algo não vai bem. Pode ser desde um problema postural, uma dieta desequilibrada ou até infecção de ouvido. Esses são alguns dos fatores que podem causar zumbido” – explica a fonoaudióloga Andrea Soares, da FONOTOM.

O sistema auditivo das crianças ainda está em formação, amadurecendo ativamente suas conexões com os neurônios cerebrais, o que é impactado pelas experiências auditivas de cada criança. Por isso, ele costuma ser mais influenciável do que o sistema auditivo dos adultos. O ruído das festinhas infantis, os gritos no recreio, os apitos nas aulas de educação física, os fones de ouvido usados para música, jogos eletrônicos ou aulas online, os shows e baladas sem uso de protetores auriculares e muitos outros estímulos podem impactar negativamente a audição dos mais jovens. Um estudo associou o zumbido à exposição das crianças e adolescentes a sons altos, chegando a alcançar 51% entre os adolescentes.

É importante lembrar que o zumbido pode estar relacionado com perda auditiva, mas que isso não é uma regra. Em muitos casos, crianças e adolescentes que apresentam audição normal apresentam o problema. Por isso, a importância de procurar um médico e um fonoaudiólogo para realizar o exame de audiometria com altas frequências, que avalia a capacidade auditiva do paciente. Já o exame de acufenometria é realizado para identificar o tipo e a intensidade do zumbido. Como diagnóstico diferencial o exame de emissões otoacústicas é indicado para avaliar as condições da orelha interna do paciente com queixas auditivas, como zumbido,  que apresentam audiometria dentro da normalidade.

Como o zumbido afeta as crianças e adolescentes? O zumbido nas crianças e adolescentes pode ter um impacto significativo no seu estado de espírito. Assim como nos adultos, afeta o humor e o desempenho, incluindo as tarefas escolares. O zumbido pode afetar a concentração e a reação aos diferentes ambientes, pois tanto salas de aula barulhentas como ambientes silenciosos de estudo podem tornar o zumbido mais evidente e causar muito estresse. Por isso, não é incomum que crianças com zumbido sejam mais ansiosas e agitadas.

Estudantes com zumbido podem apresentar insônia, falta de concentração, fadiga crônica, irritabilidade e desmotivação para aprendizagem. Em crianças em que o zumbido seja muito presente, pode notar-se uma tentativa de fugir de situações sociais em que exista muito barulho ou confusão, como festas de aniversário, o que acaba afetando o convívio com outras crianças. Além disso, o rendimento escolar pode cair e a comunicação com colegas e professores pode ficar prejudicada.

Uma dica simples, mas que pode ajudar os pais é fazer uma simples pergunta aos filhos: “Você ouve algum som nos seus ouvidos/cabeça quando está tudo em silêncio?”. Procure fazer isso em um ambiente tranquilo e silencioso, como na hora de dormir, evitando estressar a criança. Se a resposta for “sim” ou “às vezes”, é hora de buscar ajuda especializada. Lembre-se que uma consulta e um simples exame podem ajudar a identificar e tratar o problema de forma precoce.

Em muitos casos, mudanças de hábitos alimentares, reabilitação auditiva e outras terapias podem resolver o problema e devolver a paz de ouvir bem ao seu filho. “Como as causas do zumbido são muito variadas e podem ou não estar associadas com perda auditiva, é importante que pais e educadores estejam atentos ao problema e busquem o tratamento adequado o mais breve possível. Os pequenos agradecem!” – finaliza Andrea.
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