Infecções de ouvido afetam a fala das crianças?

Infecções de ouvido afetam a fala das crianças? Casos de otites podem levar a diferentes tipos e graus de perda auditiva e se não forem tratados corretamente podem impactar no desenvolvimento infantil

dor de ouvido Otite é o nome dado para a inflamação na orelha, é uma alteração muito comum em crianças, especialmente nos primeiros anos de vida.

O que pouca gente sabe é que as otites de repetição podem contribuir para alterações na fala das crianças. Como? Antes, é preciso entender como acontece esse aprendizado.

O desenvolvimento da fala do bebê é um processo lento que vai se aperfeiçoando enquanto o bebê cresce. Quanto mais estímulos de qualidade a criança receber desde o nascimento mais facilidade ela terá para se comunicar.

A comunicação é um ato de troca é necessário ouvir para falar, por isso é tão importante saber como está a audição do seu filho.

Mas o que é otite? Existem vários tipos de otites que recebem diferentes nomes, dependendo de onde ela está no sistema auditivo.

A otite externa é uma infecção que pode ocorrer na orelha e/ou no meato acústico externo, ou seja, ela é muito comum no verão por conta do contato com água do mar e piscina.

Já a otite média, é uma doença que altera a orelha média, é mais comum até os 6 anos de idade, por causa da própria anatomia da criança que apresenta a tuba auditiva (canal que comunica a orelha média com a faringe), em uma posição mais horizontal, assim infecções de via aérea superiores tais como: amigdalites, sinusites, gripes, resfriados, favorecem o surgimento das infecções na orelha.

Cerca de 80% das crianças têm pelo menos um episódio de otite média até os 8 anos de idade. Das crianças afetadas, aproximadamente 55% têm perda auditiva leve nas frequências da fala, ou seja, não podem ouvir adequadamente todos os sons da fala.

Quando a criança está com esse tipo de otite, pode apresentar dor de ouvido, diminuição da audição, febre e zumbido, mas muitas vezes não apresentam sintomas específicos, e podem apresentar comportamentos como ficar coçando a orelha, falta de apetite, irritabilidade e se queixar de ouvido tampado.

Alguns fatores predispõem as crianças às otites médias, como a obstrução nasal, alergias, respiração pela boca, exposição a fumaça de cigarro, uso de chupetas por crianças maiores, desmame precoce do aleitamento materno – e a falta dele – e ainda a iniciação na vida escolar ou mesmo nas creches antes dos 2 anos de idade.

Qual a relação entre otite, audição e desenvolvimento de fala? As otites recorrentes alteram a percepção adequada do som de fala e outros sons ambientais que podem levar a diminuição da capacidade de ouvir e/ou localizar a origem do som. Isso leva a uma estimulação sonora inconsistente do sistema nervoso auditivo central, resultando em um atraso no desenvolvimento das habilidades auditivas e futuramente, quando não tratado, um transtorno do processamento auditivo central.

Enquanto a criança está com infecção no ouvido, pode ocorrer uma perda auditiva mínima que passa despercebida pela família e educadores, por não provocar muita dificuldade. Muitas vezes a criança aparenta estar distraída, desinteressada ou só estressada.

No entanto, mesmo uma perda auditiva leve, mesmo quando afeta apenas uma orelha, pode influenciar na aprendizagem de fala, socialização e linguagem. O motivo é que ao ouvir menos a criança recebe menos informações e muitas delas com distorções. E como aprendemos a falar com aquilo a que somos expostos e ouvimos perceber os fonemas corretamente pode ser difícil nestes casos. A criança pode passar a trocar letras ou ter dificuldades em formar frases. Nesses casos é importante ficar atento aos sinais de perda auditiva nas diferentes fases do desenvolvimento infantil. Vale lembrar que as otites não tratadas também podem afetar adultos e ocasionar perda auditiva.

O tratamento da otite dependerá de várias condições: a idade do paciente, a gravidade ou quão avançada está a inflamação, entre outras. Cada caso deverá ser analisado pelo médico otorrinolaringologista ou pediatra. Podem ser solicitados exames para testar a audição da criança, como a audiometria tonal e vocal e a imitanciometria. Ambos são testes indolores, realizados pelo profissional fonoaudiólogo, e que detectam qualquer alteração na acuidade auditiva da criança. Na maioria dos casos, a perda auditiva causada pela otite é transitória e pode ser revertida com o tratamento adequado.

Quanto mais tempo demorarmos em detectar e tratar o problema, mais lento é o processo de recuperação do desenvolvimento da criança. Por isso, é importante estar atento aos sinais que os pequenos nos dão de que algo não está indo bem!

Como estimular a fala durante o tratamento das otites? Você sabia que desde a 21ª semana de gestação o seu bebê já consegue ouvir? Por isso, adquira o hábito de conversar com seu filho e ouvir música, desde a gestação.

Se a criança estiver em tratamento de otite, lembre-se que nesse período ela está escutando todos os sons mais suaves, então chame a atenção dela para falar, procure olhar para ela enquanto fala, se necessário aumente suavemente o tom da sua voz, para que ela possa entender com clareza todos os sons da sua fala

Crie um ambiente silencioso e fale de frente para a criança, de forma pausada e com boa articulação, durante o banho, as brincadeiras e nos momentos de alimentação, desligue todos os sons competitivos e converse com a criança. Para crianças que já falam, estabeleça um diálogo fale ou faça uma pergunta, aguarde a resposta e continue a conversa, cantem uma música e faça coreografias, mostre objetos e diga o nome deles...

Toda criança aprende por modelo. É muito importante que os pais e cuidadores falem corretamente e de forma natural, não é recomendado repetir e incentivar o ato de falar errado, por achar a “fala bonitinha”. Evite repreender, por exemplo, se a criança observar um cachorro e dizer “uia catolo”, repita “olha o cachorro”. Desta forma ela vai conhecendo as palavras, significado e aumentando o vocabulário.

Se quando a criança fala apenas os pais entendem, se os erros continuam além do esperado para a idade e/ou a fala e linguagem do seu filho está diferente das crianças de mesma idade, não perca tempo, procure um fonoaudiólogo para realizar uma avaliação audiológica, de fala e linguagem.
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