Qual a relação entre Síndrome de Down e perda auditiva?

As crianças com Síndrome de Down (T21) apresentam risco maior de malformações do sistema auditivo e infecções crônicas do ouvido, o que pode causar perda auditiva.

SINDROME DE DOWN T21 Indivíduos com Síndrome de Down (T21) podem apresentar alterações auditivas e otológicas, na deglutição, na fala, na linguagem e distúrbios do sono. Segundo as Diretrizes de Atenção às Pessoas com Síndrome de Down do Ministério da Saúde, cerca de 75% dessa população desenvolvem perda auditiva ao longo da vida.

A maior incidência de perda auditiva ocorre devido a variações nas estruturas anatômicas da orelha e tuba auditiva o que possibilita maior incidência de alterações condutivas, seja pelo excesso de cerúmen devido ao tamanho reduzido da orelha ou otites decorrentes de mal funcionamento da tuba auditiva (canal que comunica a orelha com a faringe).

Por lei, todos os bebês recém-nascidos devem ser avaliados com o Teste da Orelhinha para verificar se tem algum problema auditivo ao nascimento, mesmo com resultados adequados nessa triagem auditiva, as crianças com síndrome de Down (T21) precisam ser monitoradas periodicamente, pois a síndrome é um fator de risco para desenvolver perda auditiva.

As recomendações de 2011 incluíam avaliações auditivas que deveriam ser realizadas a cada seis meses até a idade escolar e depois anualmente durante a infância, segundo o guia de prática de atendimento médico para crianças com a alteração genética publicado pela Academia Norte-Americana de Pediatria. Nos casos em que for detectado qualquer tipo de alteração auditiva, os exames devem ser realizados em intervalos menores.

Em 2022 a Academia Americana de Pediatra publicou novas recomendações para o monitoramento audiológico de crianças com Síndrome de Down (T21). Todas as crianças com triagem auditiva normal ao nascimento devem ser reavaliadas aos 6 meses com exames objetivos (PEATE/BERA e Emissões Otoacústicas).

Entre 1 e 5 anos de idade devem ser monitoradas a cada 6 meses, com testes comportamentais e imitanciometria, devido ao risco de perda auditiva associada a otite média. O risco de otite média com efusão entre 3 e 5 anos de idade é de aproximadamente 50% a 70% por isso é fundamental o monitoramento audiológico e acompanhamento com médico otorrino pediatra.

Posteriormente, geralmente após os 4 anos de vida, quando já foi possível avaliar a audição das duas orelhas separadamente, recomenda-se avaliar anualmente a partir desta idade.

Lembrando que é recomendada a avaliação com testes objetivos complementares (PEATE/BERA e EOA) sempre que a audição normal não puder ser estabelecida por testes comportamentais, independente da idade.

O monitoramento da audição não deve ser restrito a população infantil, adolescentes, adultos e idosos com Síndrome de Down também devem realizar avaliações audiológicas anuais, pois além das alterações condutivas podem aparecer ao longo do tempo perdas auditivas neurossensoriais ou mistas, que ocorrem por alterações na cóclea (órgão da audição) e/ou porção auditiva do nervo vestíbulo coclear (conhecido como nervo auditivo). A identificação precoce dessas alterações é extremamente importante, pois a perda auditiva pode afetar o dia a dia.

Prevenção e Tratamento Estima-se que, a cada 700 nascimentos, 1 bebê tenha a condição. As chances aumentam à medida que a mãe envelhece, sendo um dos maiores fatores de risco a gravidez acima dos 35 anos de idade. No Brasil, há cerca de 270 mil pessoas com Síndrome de Down (T21). Trata-se da condição genética e forma de deficiência intelectual mais comum no mundo. Isso torna o acompanhamento e o tratamento um assunto essencial para os portadores da síndrome.

É imprescindível que a criança receba acompanhamento otorrinolaringológico de rotina, com a finalidade de detectar e tratar o aparecimento de otites que podem contribuir para a perda auditiva e comprometimento da função comunicativa. Vale lembrar que a perda auditiva na infância, mesmo que transitória e em diferentes graus, é considerada um risco para o desenvolvimento da linguagem e para as habilidades do processamento auditivo central. Isso pode causar atrasos na fala e na linguagem, afetando o aprendizado da criança.

Mesmo os casos leves podem trazer graves consequências para sua percepção da fala, a obtenção da linguagem e a interação social. As pessoas com Síndrome de Down precisam da comunicação preservada, pois dependem dela para aquisição de outras habilidades. Desta maneira, no caso de apresentarem perdas neurossensoriais e/ou quadros condutivos permanentes, pode ser necessário o uso de aparelhos auditivos.

Os transtornos da fala podem ser de vários tipos e precisa ser avaliado individualmente para uma proposta terapêutica adequada. De acordo com a Academia Norte-Americana de Pediatria os exames de rotina indicados por faixa etária são: Aos 6 e 12 meses, devem realizar PEATE/BERA e timpanometria. Entre 01 e 05 anos, devem realizar semestralmente audiometria comportamental e timpanometria. Já os maiores de 05 anos devem realizar audiometria anual. São exames rápidos e não invasivos realizados pelo fonoaudiólogo e que ajudam a monitorar a audição desses indivíduos.

Existe uma série de tratamentos e opções diferenciadas, como a reabilitação auditiva, que podem ajudar a dar mais qualidade de vida para a criança, bem como auxiliar na sua autonomia. O tratamento precoce da perda auditiva é vital para estimular o desenvolvimento de fala e linguagem das crianças com Síndrome de Down, especialmente no período pré-escolar. Isto é muito importante para a vida saudável e plena que todos os pais desejam para os seus filhos.
Outras Publicações
O que procura?
Endereço Fonotom
Fale com a Fonotom