Entenda a Diversidade entre pessoas com surdez e Acessibilidade necessária

Diversidade entre pessoas com surdez é um assunto que ainda precisa ser muito falado. Que tal aprender um pouco mais sobre surdez e tipos de comunicação existentes entre os surdos?

SURDO ORALIZADO
Você já esteve em uma conversa na qual ninguém escuta e todos só pensam no que vão falar? Ouvir o outro é um problema social, do qual ninguém escapa. Porém, quando escutamos o que o outro diz, criamos pontes, ao invés de muros. O Projeto “Escute como um Surdo” coloca a surdez em um cenário amplo, destacando as dificuldades de comunicação, inerentes a todos nós. O projeto não é apenas uma ação sobre deficiência auditiva, mas busca promover uma ampla discussão sobre inclusão e diversidade dos surdos.

É preciso discutir a diversidade de pessoas surdas que não são lembradas quando se fala em deficiência. A surdez é diversa e a comunicação é plural.

Diversidade: Surdos Oralizados x Surdos sinalizados Caso você ache que a maioria dos surdos no Brasil não ouve, não fala, e estuda em escola especial, você está errado. Na verdade, muitos surdos são o que chamamos de oralizados.  Surdos oralizados usam aparelhos auditivos ou implantes cocleares (ou não usam nenhum dos dois, inclusive) e são experts em leitura labial. Eles falam como qualquer pessoa ouvinte.

Por isso, esqueça a ideia de que a maior parte dos surdos se comunica por libras. Para essa categoria, as traduções em libras não tem nada a ver com acessibilidade, pois eles não entendem libras e não usam linguagem de sinais no seu cotidiano. Graças aos avanços tecnológicos e da ciência, já existe uma imensa quantidade de pessoas surdas que usam a tecnologia para voltar a ouvir.

De outro lado nos temos os surdos sinalizados. Como o nome já sugere, são surdos que utilizam gestos para se comunicar e, portanto, são usuários de libras (língua brasileira de sinais). Em geral, esse grupo não compreende o português e necessita de educação especial. Ainda assim, é fundamental frisar que o termo surdo-mudo está incorreto, surdez e mudez são patologias diferentes e não associadas.

É importante lembrar que surdos oralizados frequentemente dominam o português falado e escrito e, portanto, dispensam o uso de qualquer intérprete. Alguns oralizados também dominam libras, que usam para se comunicar com outros surdos, amigos ou familiares. Neste caso, chamamos esse grupo de surdos bilíngues.

Surdos Implantados Os surdos implantados são pessoas que utilizam implantes cocleares para poderem aprimorar a audição, e podem utilizar a linguagem oral ou a língua de sinais para se comunicar. A escolha pela melhor forma de comunicação depende de muitos fatores, como grau da perda auditiva, se a perda foi pré-lingual ou pós-lingual (antes ou depois da criança falar) e ainda a idade que a cirurgia de implante coclear foi realizada.

De acordo com pesquisa realizada em 2010 pelo IBGE, existiam, no Brasil, cerca de 9,7 milhões de pessoas que apresentam alguma deficiência auditiva. A pesquisa também revelou que cerca de 2 milhões de brasileiros são surdos.

O implante coclear trata-se de um dispositivo eletrônico que é parcialmente fixado no ouvido e traz uma audição próxima daquela que é considerada normal. Em geral, essa tecnologia tem 100% de eficácia em crianças e jovens, mas com o avanço da idade, as chances de sucesso diminuem.

Por isso é fundamental que pais e educadoras estejam sempre atentos para qualquer sinal de dificuldade de audição na criança, procurem um médico otorrino e façam os exames necessários. Quanto mais cedo for detectada a deficiência, maiores as chances de um tratamento de sucesso. Exames simples, como a audiometria, podem diagnosticar o problema.

Disponibilizado em março de 2021, pela OMS, o Relatório Mundial da Audição mostra que há mais de 1,5 bilhão de pessoas no mundo com algum grau de surdez. Segundo o documento, 60% dos casos de perda auditiva podem ser evitados com prevenção e tratamento adequado.

Vale lembrar que além do implante coclear, a tecnologia dos aparelhos auditivos pode resolver muitos casos de perda auditiva. Existem milhões de surdos que ouvem com a ajuda da tecnologia no mundo.  Por isso, consulte um médico e fonoaudiólogo que podem lhe orientar a melhor forma de lidar com o problema.

Acessibilidade e Surdez Não podemos deixar de destacar que acessibilidade para surdez não é sinônimo de Libras. A língua de sinais é importante para parte da comunidade, mas não substitui a linguagem escrita e falada. É fundamental que os surdos tenham uma educação que permita a todos, oralizados e sinalizados, dominarem o português perfeitamente. Só assim, as chances de trabalho, inclusão e socialização serão completas.

O grau da perda, a lateralidade e tempo de privação auditiva por perda auditiva vai determinar qual tecnologia usar e direcionar qual a melhor comunicação do deficiente auditivo. O uso destes dispositivos não dispensa  apoio na comunicação como leitura labial e legendas

Aquele idoso que não ouve bem, também precisa de acessibilidade para continuar acompanhando os programas preferidos da TV. Não são apenas os surdos de nascença que tem dificuldade para se comunicar num mundo tão cheio de estímulos como o de hoje.

As empresas e governo precisam considerar a diversidade entre pessoas com surdez e dar um passo adiante na inclusão, com legendas e áudio-descrição, em programas de televisão e filmes nacionais no cinema, atendimento por chat ou sms e sinalização luminosa. Só as libras não bastam. É preciso entender que entre os surdos há uma diversidade imensa de indivíduos, cada um com necessidades específicas.

Aproveite o Setembro Azul para conhecer e apoiar projetos como “Escute como um Surdo” e ajudar a desmistificar mitos sobre a surdez e divulgar sobre a diversidade entre pessoas com surdez.

Ouça o podcast gravado pela Fonoaudióloga Andrea Soares, da Fonotom, sobre o tema
Outras Publicações
O que procura?
Endereço Fonotom
Fale com a Fonotom