Pandemia e o atraso na fala das crianças

Pais e educadores precisam estar atentos aos sinais para diagnosticar possíveis problemas de audição que causam atraso na fala.

atraso de fala Entre as inúmeras consequências da pandemia, uma delas pode confundir pais, médicos e educadores: o atraso na linguagem das crianças. A situação aflige as famílias que ainda não sabem medir o tamanho do impacto do isolamento no desenvolvimento dos pequenos. É fato que a pandemia pode ter contribuído para o aumento de crianças com alterações de linguagem, mas é preciso olhar o fenômeno de maneira mais ampla.

Dificuldade para formar frases, necessidade de evitar situações de comunicação e obstáculos para ser entendidas por adultos são algumas das situações pelas quais crianças com atrasos no desenvolvimento de linguagem passam.Estudo da Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal (FMCSV) indicou que 27% das crianças de 0 a 3 anos voltaram a ter comportamentos de quando eram mais novas na pandemia, segundo a percepção dos pais. Entre eles, estão problemas em desenvolver a fala e linguagem.

A ideia de que o isolamento social causa atraso na fala e linguagem faz sentido. As crianças deixaram de ter contato com outras no playground, na escola e de ter momentos de socialização. Com isso, suas possibilidades de se expressar foram minguando. A falta de estímulos na escola, no aprendizado com professores, na creche e, até mesmo, com outros parentes podem fazer com que as crianças demorem mais para falar. A pandemia atingiu muitas crianças em uma fase de “boom” da linguagem, em que o desenvolvimento é muito acelerado. Numa publicação do jornal britânico BMJ chama atenção para pesquisas publicadas recentemente nos EUA e na Itália. Segundos os pesquisadores, os bebês nascidos durante a pandemia apresentam uma grande diminuição nos resultados dos testes cognitivos e de linguagem.

Outro fator que pode reforçar o problema está no uso excessivo das telas. Os pequenos passaram muito mais tempo em dispositivos como celulares, tevês e tablets, o que pode afetar o desenvolvimento da linguagem e inclusive da audição. Dificuldades auditivas, tanto periféricas, pelo excesso de volume ou tempo de uso prolongando de fones de ouvido, como centrais, devido a presença de muitos estímulos simultâneos que dificultam a formação das habilidades auditivas e impactam na atenção e concentração podem ser resultado da pandemia e afetarem a fala.

Por isso, a recomendação é sempre conversar de frente para a criança, em ambientes silenciosos, fazer perguntas e brincadeiras que estimulem a interação, a percepção dos cinco sentidos audição, visão, tato, olfato e paladar e limitar o uso de telas. Antes dois anos de idade não é recomendado oferecer telas às crianças, por nenhum período, entre 2 e 5 anos o uso de telas deve ser limitado a hora por dia, entre 6 e 10 anos, são recomendadas no máximo duas horas e a partir disso, a recomendação é de três horas diárias, segundo as recomendações da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP).

A pandemia trouxe muitos prejuízos na interação social para todas as pessoas, especialmente para as crianças, mas temos que ter um olhar mais amplo, muitas vezes, as crianças podem estar apresentando atrasos na fala e linguagem por outros fatores, como problemas da audição. “Ao focar nos efeitos da pandemia, muitos profissionais e pais podem deixar de investigar outras causas que podem impactar o desenvolvimento de fala e linguagem, como algumas disfunções do sistema auditivo” – explica Andrea Soares, fonoaudióloga da FONOTOM.

Daí a importância de realizar uma avaliação audiológica. Entre os principais procedimentos desse diagnóstico estão a audiometria tonal, audiometria vocal e a imitanciometria. O protocolo é adaptado de acordo com a idade e o desenvolvimento do paciente e é realizado por fonoaudiólogo habilitado, dentro de ambiente com tratamento acústico.

Para o sucesso da avaliação audiológica infantil é importante entender o desenvolvimento do paciente e aplicar uma avaliação personalizada, já que esses exames dependem da colaboração da criança. São procedimentos indolores e que podem ajudar a diagnosticar problemas no sistema auditivo da criança.

O diagnóstico e intervenção precoce de qualquer alteração de fala, linguagem ou no sistema auditivo ajuda a trazer melhores resultados com o tratamento. Deve-se tomar cuidado com aquela ideia de que é só esperar mais um pouco que a criança começa a falar ou que é normal regredir em um comportamento. “Nos primeiros anos de vida o cérebro tem a plasticidade neuronal máxima, é o momento que é mais propício para o aprendizado e comportamento de regressão do desenvolvimento em qualquer momento da vida é um sinal de alerta. Quanto mais cedo se detectar uma alteração e iniciar uma intervenção melhores são os resultados a longo prazo” – acrescenta Adriana Andrade fonoaudióloga da FONOTOM. Consultar o médico e realizar os exames indicados pode ajudar em um tratamento mais breve e eficaz.

Mas como saber se seu filho realmente está com algum atraso na fala? Com um ano, a criança tem que falar pelo menos duas palavras, com dezoito meses tem que falar ao menos três palavras. Aos dois anos é muito importante que a criança seja capaz de formar uma frase simples. Exemplo: “Quero leite”. “Tô com fome”. Tem que falar alguma coisa que seja compreensível, se isso não acontece é um sinal de alerta.

O momento de retomada, com o retorno para as escolas é positivo, já que incentiva a interação com outros amigos e traz outros estímulos. E agora também com as medidas mais brandas é possível viajar, frequentar parques e praças.

Independente do momento atual, é muito importante avaliar os padrões de fala estabelecidos para cada faixa etária e na dúvida, realizar uma avaliação auditiva, para constatar se o atraso na fala da criança é por conta da falta de estímulos ou de problemas audiológicos. Existe uma série de terapias, tratamentos e dispositivos que podem ajudar os pequenos a ouvir melhor, ter mais qualidade de vida e desenvolverem a fala como qualquer criança.

Na Fonotom a avaliação audiológica de crianças pequenas é realizada com dois profissionais simultaneamente, buscando assim registrar melhores respostas do exame.
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