Perda Auditiva Mínima na infância: devo me preocupar ?

Desde os anos 80 os audiologistas tornaram-se conscientes dos efeitos da perda auditiva mínima em todas as idades.

Perda Auditiva Mínima na infância Qualquer grau de perda auditiva. incluindo perda auditiva unilateral, bem como a perda auditiva leve bilateral afetam o desenvolvimento de fala, linguagem e comportamento auditivo da criança. A perda auditiva mínima é aquela que a criança tem o limiar auditivo entre 16dB e 25dB. Nesta condição a criança pode escutar sons das vogais com clareza, no entanto, pode perder sons de consoantes surdas.

Essas crianças são capazes de ouvir, mas necessitam de um esforço maior para compreender o que escutam, o que chamamos de esforço de escuta. Por conta disto, podem desenvolver dificuldade de aprendizagem, baixo rendimento escolar e ainda afetar a relação social com outras crianças.

Em um estudo publicado, os pesquisadores observaram o impacto que uma perda de audição de grau mínimo pode provocar no desenvolvimento de uma criança.

Aquelas com perda auditiva leve, de 16dB a 25dB, podem apresentar um atraso de 1,2 anos no desenvolvimento de linguagem. Se a perda for leve (entre 25 e 30dB) o atraso pode chegar a 2 anos.  Na sala de aula a perda de informações do que a professora diz chega a 25%. Muitas vezes essas crianças passam por desatentas ao invés de deficientes auditivas e deixam de ser tratadas como deveriam.

A perda auditiva mínima pode ter várias causas, entre elas hereditárias ou provocadas por otite média. O teste da orelhinha realizado na maternidade é essencial para descartar perdas congênitas (no nascimento).  Por isso é sempre importante seguir as recomendações do fonoaudiólogo na maternidade e reavaliar a audição conforme recomendado. Fazer controle audiológico em idade escolar é essencial para garantir que não houve perda auditiva com início tardio provocada por fatores de risco ao nascimento.

Já as perdas auditivas temporárias provocadas por infecção no ouvido são as mais comuns em crianças e muitas vezes passam despercebidas impactando diretamente no desenvolvimento de fala e linguagem. Falamos mais sobre esse tema no artigo Infecções de ouvido frequentes podem afetar a fala das crianças?

Todas as crianças que tem infecção de ouvido recorrente na primeira infância deve fazer o controle audiológico regularmente uma vez que perda auditiva  por infecção, apesar de temporária, pode chegar a grau moderado. Quanto maior o período ou vezes a criança tem otite ao longo da primeira infância, maior o impacto no desenvolvimento de fala e linguagem, rendimento escolar e nas habilidades cognitivas como atenção e memória.  Em alguns casos, longos períodos de privação sensorial por conta de otite pode afetar ainda o pleno desenvolvimento do processamento auditivo central. Vale ressaltar que, nesses casos, dificilmente a queixa da família e professores é de que a criança não escuta. Normalmente a queixa é de desatenção, falta de concentração, atraso de linguagem ou troca de fonemas na fala.

A importância de agir rápido está relacionada a busca por melhor desempenho no desenvolvimento e fala e linguagem e evitar danos psicossociais. Nos casos de infecções de ouvido o médico pediatra e/ou  otorrinolaringologista deve acompanhar regularmente, juntamente com avaliação audiológica e escolher o melhor tratamento para o paciente. Nos casos de perda auditiva, neurossensorial ou condutiva, os aparelhos auditivos e/ou dispositivos como microfones remotos podem auxiliar o desempenho da criança dentro da sala de aula e no desenvolvimento global.

Muitas pessoas, inclusive profissionais da saúde e professores, pensam que somente as crianças que não desenvolvem a fala, ou que não reagem para sons muito fortes que podem ter perda auditiva. E pior, que apenas pessoas com deficiência auditiva severa e profunda precisam de algum tipo de intervenção.

Isso não é verdade. Uma perda auditiva mínima, leve ou moderada pode ser suspeitada quando a criança parece desatenta, demora ou não responde quando chamada, troca os sons da fala, entre outras manifestações. E sempre que um problema auditivo é identificado, no mínimo, é necessário realizar um acompanhamento profissional. Para saber como a criança escuta é necessário realizar uma avaliação audiológica, com audiometria tonal, logoaudiometria, imitanciometria e emissões otoacústicas.

É preciso fazer o diagnóstico precoce para ter uma reabilitação com mais sucesso.  Hoje, felizmente, o teste da orelhinha é realizado nas maternidades em todo Brasil. Mas, infelizmente, a perda auditiva pode acontecer durante o desenvolvimento das crianças, e por isso todas as crianças deveriam fazer avaliação audiológica pelo menos uma vez ao iniciarem a alfabetização.

É importante ressaltar que o benefício da reabilitação imediata, assim que a perda auditiva é diagnosticada (inclusive perdas leves), não se restringe apenas às crianças, mas serve para todas as idades.  Um idoso que começa a perder a audição devido ao envelhecimento, por exemplo, não deve esperar a perda auditiva piorar para procurar ajuda, pois o tempo que ele ficar sem usar aparelhos auditivos certamente irá prejudicar sua capacidade de compreensão de fala, habilidades cognitivas e atividades sociais. Ao detectar a perda auditiva leve já há muito o que fazer.

Independente da idade, o importante é sempre buscar o tratamento o mais cedo possível, para que os prejuízos sejam os menores possíveis.
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