O tratamento contra o câncer pode afetar a audição?

Entenda quais são as relações entre o tratamento oncológico e a perda auditiva.

surdez e cancer

O câncer é uma doença que costuma gerar muitas dúvidas. Assim que recebem o diagnóstico, os pacientes ficam preocupados sobre os impactos do tratamento no corpo. Apesar da junção do tratamento quimioterápico e radioterápico ter melhorado a sobrevida dos pacientes nos últimos anos, nenhuma destas modalidades terapêuticas é isenta de efeitos colaterais. Muitas medicações utilizadas e o tempo necessário para curar o câncer variam de paciente para paciente, bem como as respostas do organismo.

Mas será que o tratamento oncológico pode ter implicações na audição? Alguns estudos já apontaram que há relação entre perda auditiva e câncer.

Atualmente, o câncer é considerado um problema de saúde pública. Há uma projeção de 27 milhões de novos casos para o ano de 2030 em todo o mundo, e 17 milhões de mortes pela doença. Com isso, o número de pesquisas, em relação à influência dos agentes quimioterápicos na função auditiva, tem aumentado nos últimos anos. Alguns medicamentos utilizados são considerados ototóxicos, ou seja, podem prejudicar parte do sistema auditivo. Dependendo do tempo de tratamento e do tipo de substância utilizada pode ocorrer o que chamamos de perda auditiva neurossensorial.

Os medicamentos do grupo da platina são os mais devastadores para o ouvido, como a cisplatina e carboplatina, por exemplo. Essas drogas causam sintomas como zumbido, perda do equilíbrio e alteração da audição. Embora a maioria dos medicamentos seja processada pelo nosso organismo e eliminada, alguns substâncias podem acumular-se no ouvido interno permanecendo lá por meses ou anos afetando as diversas estruturas do ouvido. A ciclofosfamida é outra droga que causa alterações nos limiares auditivos, capaz de lesionar as células ciliares da cóclea.

Muitas vezes, esses efeitos colaterais são temporários e melhoram após o término do tratamento, com o acompanhamento médico adequado.  No entanto, alguns deles podem ser permanentes, principalmente se não forem monitorados durante a quimioterapia.

A radioterapia também é capaz lesar o órgão da audição. Durante o tratamento com radiação, ondas ou partículas de alta energia são usadas para destruir ou danificar as células cancerosas. Se a aplicação de radiação for necessária em qualquer lugar da cabeça e pescoço, ela pode potencialmente levar a perda auditiva. A incidência do efeito colateral se potencializa em pacientes com mais de 50 anos ou menos de 3 anos e naqueles que estejam também recebendo o tratamento quimioterápico.

A importância do acompanhamento da audição A perda auditiva é uma condição comum e que deve ser considerada nos tratamentos oncológicos. Dependendo do tipo de terapia aplicada, é fundamental o acompanhamento de um otorrinolaringologista e um fonoaudiólogo. Esses profissionais farão o acompanhamento do estado do ouvido interno, bem como da audição do paciente por meio de exames complementares. As pesquisas demonstram que a perda auditiva pode ter início nas frequências mais agudas, por isso é recomendado que o monitoramento audiológico seja realizado com audiometria de altas frequências.

Ao final do tratamento, é importante que você faça checkups periódicos para monitorar se sua audição mudou. “O correto acompanhamento é essencial para a saúde, uma vez que o medicamento utilizado pode permanecer no organismo por muito tempo após o término do tratamento. A melhor terapia ainda é a prevenção. Assim que forem detectadas complicações auditivas, o fonoaudiólogo pode orientar o paciente de acordo com cada caso” – explica a Fonoaudióloga Andrea Soares.

Exames simples, como a audiometria e a acufenometria podem identificar as alterações na audição e zumbido logo que apareçam, o que permite uma ação mais rápida e eficiente contra o problema. Às vezes, uma terapia alternativa pode ser administrada, amenizando os efeitos  do zumbido. É muito importante conversar com seu oncologista sobre os efeitos colaterais dos tratamentos que você está recebendo.

Zumbido, perda de audição e tratamento contra o câncer Não é incomum que os pacientes oncológicos apresentem zumbido, dificuldade na conversação em ambientes ruidosos e alteração de discriminação de fala. Em casos de perda auditiva, há relatos de zumbido associado.

Um estudo recente apontou que cerca 40% dos pacientes que se submetem a tratamento de câncer de testículo experimentam zumbido após quimioterapia com cisplatina. O problema é, invariavelmente, associado com a perda auditiva.

As pesquisas médicas apontam para a necessidade de consultas anuais (no mínimo) ao otorrinolaringologista para pacientes que receberam tratamento oncológico. As consultas devem ser relacionadas ao estado de saúde auditiva e resultarão em exames de acompanhamento com um fonoaudiólogo indicado.

Apesar dos efeitos colaterais associados ao tratamento contra o câncer é fundamental que as pessoas procurem ajuda médica especializada e sigam todos os protocolos de tratamento. O câncer é uma doença que tem cura e quanto mais cedo o diagnóstico e a terapia forem realizados, maiores as chances de cura. Para os casos de perda auditiva, a tecnologia atual permite uma série de tratamentos e aparelhos auditivos e implantes cocleares que vão garantir que você possa desfrutar bem da vida por muitos e muitos anos.

Na Fonotom é possível realizar todos os exames indicados para monitoramento audiológica para pacientes em tratamento quimioterápico, entre eles audiometria de altas frequências e emissões otoacústicas.
Outras Publicações
O que procura?
Endereço Fonotom
Fale com a Fonotom