TEA e perda auditiva: existe relação entre surdez e espectro autista?

TEA e perda auditiva. Crianças com suspeita de transtorno do espectro autista devem sempre realizar exames auditivos e minimizar os impactos no desenvolvimento.

AUTISMO E SURDEZ Tem sido cada vez maior a procura por possíveis causas para o Transtorno do Espectro Autista (TEA), por ser um distúrbio do neurodesenvolvimento que impacta no comportamento, interação social e comunicação, em diferentes graus, pode se confundir com outros transtornos da comunicação, o que leva em alguns casos, a diagnósticos inadequados e ou tardios, justamente pela dificuldade de interpretar os sinais do transtorno em crianças pequenas.

Toda criança com alteração da comunicação deve realizar uma avaliação audiológica para excluir a perda auditiva como fator determinante do atraso de desenvolvimento de fala e linguagem. “Se a criança não consegue ouvir uma palavra adequadamente ela não será capaz de responder para esse estímulo ou reproduzi-lo adequadamente”, explica a fonoaudióloga Andréa Soares, da FONOTOM.

Mas qual a relação entre audição e TEA? Muitas crianças com TEA são encaminhadas para a avaliação auditiva porque apresentam comportamentos auditivos diferentes. Alguns não olham quando são chamados pelo nome, mas são capazes de perceber o tic tac do relógio, outros parecem que vivem no mundo da lua e tem crianças que se incomodam com sons do dia a dia, como o barulho de um liquidificador, aspirador de pó e/ou moto.

Em pesquisa realizada na Universidade Federal de São Paulo, em 2009, observou-se que 62,96% dos pais de crianças com transtorno do espectro autista (verbais ou não) tiveram como suspeita inicial a perda auditiva. Um estudo recente, publicado no periódico Autism Research, concluiu que indivíduos com TEA apresentaram atrasos nos potenciais evocados auditivos realizados no período neonatal. Estima-se que há 70 milhões de pessoas com TEA no mundo, sendo 2 milhões deles no Brasil.

É importante salientar que um diagnóstico não exclui o outro. Um estudo com uma amostra clínica significativa de crianças com perda auditiva evidenciou que aproximadamente 5,3% eram portadores também de TEA.

“O diagnóstico precoce, tanto do autismo quanto da perda auditiva – quando houver – são fundamentais para o desenvolvimento infantil. Quanto antes for detectada qualquer alteração, menores serão os impactos na vida da criança quando feito o processo de reabilitação correto” – explica a fonoaudióloga Dra Adriana Andrade, da FONOTOM.

Diagnosticando o transtorno do espectro autista e a perda auditiva O diagnóstico do TEA costuma ser difícil, ainda mais em crianças pequenas, pois algumas características podem confundir os profissionais de saúde. Em geral, os portadores do transtorno têm dificuldades de socialização, apresentam hipersensibilidade aos sons, dificuldade de manter o foco e atenção em ambientes ruidosos, agitação psicomotora e apatia. São crianças que evitam olhar nos olhos e que não atendem quando chamadas pelo nome e apresentam dificuldades na comunicação verbal e não verbal.

Estes são apenas alguns dos sinais que podem evidenciar o TEA. E eles podem, facilmente, serem confundidos com outras condições, incluindo perda auditiva. “O ambiente escolar, por exemplo, pode ser particularmente desafiador para o portador de TEA, assim como para o portador de perda auditiva. Um ambiente novo, cheio de estímulos sensoriais e que coloca a prova às capacidades de sociabilidade, atenção e aprendizado” – completa Adriana. Esses fatores fazem com que a deficiência auditiva constitua um dos principais diagnósticos diferenciais do transtorno do espectro autista e é muito comum ser a primeira suspeita dos pais. Mas é importante frisar que nem todo o autista apresenta deficiência auditiva.

Como muitos sintomas da perda auditiva e do TEA (autismo) se sobrepõem é essencial um diagnóstico diferencial e mais aprofundado. Alguns exames audiológicos não invasivos devem ser feitos, mesmo que a criança tenha passado pela triagem auditiva neonatal, o famoso teste da orelhinha. Entre os principais exames, estão a audiometria, a imitanciometria, as emissões otoacústicas e o PEATE (também conhecido como BERA). O diagnóstico audiológico preciso é realizado utilizando vários procedimentos e nunca com um único teste, é importante ressaltar que um teste auditivo não exclui o outro. Cada teste auditivo avalia uma determinada parte da via auditiva e o conjunto dos resultados é que determina se há ou não algum tipo de alteração auditiva.

Embora não seja comum a associação entre perda auditiva e o TEA, é possível que uma pessoa apresente as duas condições. Por esse motivo, é crucial procurar ajuda especializada para obter um diagnóstico precoce. Com o diagnóstico correto, seja TEA ou perda auditiva, é possível realizar intervenções diretivas para auxiliar o processo de neurodesenvolvimento, fazendo com que a criança desenvolva amplamente as suas habilidades e tenha muito mais qualidade de vida.

Na Fonotom, a avaliação audiológica de crianças em diagnóstico para o Transtorno do Espectro Autista é realizada com duas fonoaudiólogas simultaneamente para garantir melhor qualidade de respostas durante o exame.
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