Perda auditiva pode causar demência? Entenda a relação

Não são raros os casos de pacientes idosos que apresentam quadros de demência, associados com dificuldades para ouvir. Um relatório recente da OMS estima que mais de 55 milhões de pessoas vivem com demência hoje, e aponta que o número deve subir para 78 milhões em 2030 e chegar a 139 milhões em 2050. O mesmo documento também reforça que os países têm falhado na prevenção e nos cuidados com a doença.

perda auditiva demência Uma medida que pode prevenir e amenizar o problema está, justamente, nos cuidados com nossa audição. Estudos recentes demonstram que a perda auditiva provoca mudanças no funcionamento do cérebro, tanto em áreas auditivas quanto em áreas não auditivas. Sendo assim, a privação sensorial poderia ser um dos fatores que aumenta o risco de um indivíduo desenvolver demência. A OMS estima que até 2050, uma em cada 4 pessoas terão algum grau de perda auditiva.

A perda da audição é comum com a idade, mas ela pode piorar casos em que o paciente apresente algum distúrbio no cérebro. É importante lembrar que a audição é fundamental para que possamos perceber o mundo que nos rodeia. Ouvir bem ajuda no desenvolvimento da cognição e na compreensão do mundo.

Perda auditiva no idoso é normal?< Com o passar dos anos é natural que nosso corpo apresente falhas na audição. Como essa perda ocorre gradualmente, a maioria das pessoas não percebe que está com dificuldades para escutar. Os primeiros sinais são percebidos pelos parentes próximos, pois o idoso passa a pedir para repetir o que foi dito, não entende o que foi falado ou aumenta o volume da tevê e do celular.

A situação é mais perceptível em ambientes ruidosos, com muitas pessoas falando ao mesmo tempo, como uma festa. O idoso não consegue ouvir e perde o interesse em participar da conversa e interagir. Existe, aos poucos, um isolamento causado pela perda auditiva.

Alguns pacientes podem apresentar zumbido, em uma ou nas duas orelhas. Apesar de não ser uma doença, o zumbido é um sinal importante de que algo no corpo não está bem e pode ser o primeiro sinal de problemas na audição.

O grau de perda auditiva relacionado ao envelhecimento é impactado por muitos fatores. Entre os principais estão os genéticos (histórico familiar de perda auditiva) e histórico de saúde. Há ainda algumas outras razões que contribuem para o aparecimento da perda auditiva, como exposição prolongada a sons de forte intensidade no trabalho ou em atividades de lazer, doenças cardíacas, problemas metabólicos (diabetes, alterações no colesterol, hipotiroidismo, hipertiroidismo...), hipertensão arterial, problemas circulatórios e a utilização de alguns medicamentos. A maior parte desses fatores pode ser evitada ou controlada com o correto acompanhamento e tratamento médico.

Perda Auditiva x Demência< O mundo está envelhecendo rapidamente. Segundo a Organização Mundial da Saúde, entre 2015 e 2050, a população com mais de 60 anos de idade passará de 900 milhões para 2 bilhões de pessoas. A perda auditiva é a terceira condição de saúde crônica mais comum que os idosos enfrentam e, se espera que sua prevalência aumente à medida que o envelhecimento da população siga crescendo.

Em 2020, a The Lancet Commissions publicou um relatório sobre prevenção, intervenção e cuidado da demência. Segundo o documento, indivíduos com perda auditiva adquirida entre 45 e 65 anos tem 1,9 vezes mais chance de desenvolver demência do que pessoas sem perda auditiva. O mesmo documento lista entre os fatores que podem prevenir ou retardar o surgimento da demência o cuidado com a audição, incluindo o uso de aparelhos auditivos e a redução de exposição ao ruído.

A tecnologia disponível para o tratamento da perda auditiva possibilita um ganho substancial na qualidade de vida do paciente. Alguns dos benefícios comprovados dos implantes cocleares, por exemplo, são a diminuição dos sinais da depressão, a redução do isolamento social, a melhora da memória e o favorecimento da função executiva.

Tratamentos para perda auditiva decorrente do envelhecimento A reabilitação auditiva pode ser uma alternativa para tratar os efeitos do envelhecimento na audição.Antes de tudo, é necessário consultar o médico otorrinolaringologista. Ele vai poder dar o diagnóstico otológico adequado e realizar a prescrição da reabilitação auditiva e da prótese auditiva/implante coclear, se for o caso.

O fonoaudiólogo é o profissional habilitado para fazer os exames audiólogicos e também o processo de reabilitação auditiva. É ele quem atua na seleção, adaptação, verificação e validação das próteses auditivas. O fonoaudiólogo está preparado para avaliação, programação e acompanhamento dos implantes cocleares, treinamento de leitura orofacial, treinamento auditivo e/ou terapia fonoaudiológica.

Não podemos esquecer que o sucesso de qualquer tratamento envolve a integração da equipe profissional, do paciente e da família. Para o sucesso da reabilitação é extremamente importante ter um cuidado centrado no paciente, respeitando os seus desejos e limitações.

O fato de que ouvir menos com o tempo seja parte do envelhecimento, não significa que não devemos buscar o tratamento adequado. Quanto antes a pessoa detectar e tratar a perda auditiva, menores serão os danos para a saúde do paciente. Cuidar da audição é essencial para prevenir diversos males além da demência. Na dúvida, procure um médico e faça os exames com um fonoaudiólogo. Todos envelhecem, mas podemos – e devemos - desfrutar de uma velhice mais saudável!
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