Por que fico com a voz cansada após realizar videoconferências?

Qual a relação da voz cansada e a pandemia? 

O início da pandemia por COVID-19, popularizou o home-office. De uma hora para outra, muitas pessoas tiveram de se adaptar a novas formas de reunião de trabalho. O telefonema e as videochamadas passaram a fazer parte da rotina de uma gama enorme de pessoas.

voz Em um primeiro momento, alguns pensaram que tudo seria mais fácil, afinal poder trabalhar de casa, sem enfrentar horas de deslocamento parecia simplificar a rotina. No entanto, não são raros os relatos de pessoas que estão sentindo a voz cansada e até rouquidão ao final de um dia de trabalho.

Por que será que isso acontece?

  • Interlocutor distante – Por mais que a face do colega esteja logo ali na tela do computador, sabemos que ele não está perto. Isso, por si só, já nos faz aumentar inconscientemente o volume de fala. Além disso, por mais que as plataformas de videconferência sejam uma ferramenta maravilhosa, a qualidade do som ainda deixa a desejar. Assim como acontece no telefone, nem todas as frequências da fala são reproduzidas e é um pouco mais difícil portanto, entender o que o outro fala. Não é raro também esticarmos bastante o pescoço, deslocando a cabeça para frente no desejo de nos aproximarmos do outro. Somado a isso, a conexão de internet nem sempre facilita o processo;

  • Ganhar “no grito” – Quando há várias pessoas participando da reunião, corremos o risco de querer falar mais alto por termos a sensação de que assim seremos mais considerados na discussão.


  • Fones de ouvido – Os fones, embora facilitem a comunicação, também podem se tornar vilões para a voz e isso acontece por dois motivos: não é raro, aumentarmos o volume do fone, na intenção de entender o outro melhor; além disso, quando colocamos o fone em ambas as orelhas, perdemos uma parte da percepção da nossa própria voz. Isso ocorre porque quando falamos, temos dois mecanismos de nos escutar e, portanto, controlar nossa voz. Um dos mecanismos ocorre por condução aérea, ou seja, a voz é emitida e este som produzido é captado por nossas orelhas por meio do ar que transporta a onda sonora. A outra forma de nos escutarmos ocorre pela reverberação dos ossos do nosso crânio quando falamos. Esta condução é mecânica e também nos dá muitas pistas a respeito do nosso uso vocal. Quando estamos com fone, principalmente aqueles que isolam bem os ruídos externos (o que, por um lado, é ótimo se temos de trabalhar em um ambiente mais ruidoso) perdemos uma das formas de escuta da nossa voz, passamos a nos escutar somente pela condução mecânica gerada pela reverberação dos ossos. E isto faz com que nos escutemos menos, aumentando sem perceber, nosso volume de fala.

  • Falta de hidratação – Nosso trato vocal precisa estar hidratado para funcionar de forma saudável. Quando estamos muito concentrados em nossas reuniões na frente do computador, não é raro esquecermos de beber água;

    Em resumo, a conexão que às vezes deixa a desejar, a postura inadequada de pescoço, o volume aumentado do fone, a perda do feedback aéreo da nossa voz, a tentativa de fazermos valer nosso argumento a qualquer custo e a falta de hidratação, podem fazer com que o formato online para a realização de reuniões aumente bastante nosso risco de abuso vocal.

    Mas como posso resolver esta questão e deixar de sentir a voz cansada?

  • Consciência – Ter consciência de que estas questões podem ocorrer já é o primeiro passo para ficarmos atentos a evetuais abusos e assim tentar reduzi-los;


  • Códigos ou Gestos – Em videoconferências, precisamos estar muito atentos aos turnos comunicativos (que de forma simplificada se referem à vez que cada um tem de falar) e claro,  respeitá-los.  Também podemos  combinar com nossa equipe códigos ou gestos que indiquem nossa intenção de falar. Ter alguém coordenando a reunião também pode ser uma ótima estratégia para proteger a voz de todos;


  • Regulagem do fone – Deixar baixo o volume do fone, além de proteger sua audição, também ajuda a evitar que você fale muito alto;


  • Uma orelha de cada vez – Usar o fone em uma orelha só também é uma boa solução, pois assim escutamos nosso interlecutor com a orelha que está com o fone e nos escutamos com a orelha que está livre dele. Mas lembre-se de trocar o fone de orelha a cada 90 minutos para não sobrecarregá-las;


  • Água sempre por perto – manter uma garrafa de água em sua mesa de trabalho vai ajudá-lo a se manter hidratado. O ideal é beber pequenos goles ao longo do dia.


  • Tais cuidados podem ser ótimos aliados na proteção da sua voz!! Vamos colocá-los em prática?

    Dra. Nadia Vilela - CRFa - 2 -8436

    Fonoaudióloga, Doutora em Ciências da Reabilitação pela Faculdade de Medicina USP

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