Sente tontura e enjoo ao andar de carro? Você pode ter cinetose

Também conhecida como “mal do movimento”, ela pode atingir adultos e crianças em diversas faixas etárias.

Pegar a estrada para um final de semana em família ou pegar o ônibus para aquela sonhada entrevista de emprego pode ser um verdadeiro tormento para algumas pessoas. Enjoo, tontura e dor de cabeça nessas situações pode ser sinal de cinetose. Conhecida também como o "mal do movimento", a cinetose é uma disfunção do sistema vestibular (conjunto de órgãos do ouvido e cérebro responsável pela manutenção do equilíbrio), que se manifesta quando o corpo está parado e o restante está em movimento ou o inverso, como em viagens de carro, ônibus, barco ou avião.

enjoo no carro Há também pessoas que se sentem mal durante caminhadas, ao praticar atividades físicas, brincar com jogos eletrônicos 3D, ou brinquedos com luzes e até em cinemas 180 ou 360 graus. Há um conflito de informações entre o labirinto, que sente o movimento, e a visão, que acredita que o corpo está inerte, causando náuseas, vômitos, sudorese, palidez e desconforto físico. Estes sinais específicos podem ser acompanhados de arrotos, sonolência, sensação de frio ou vertigem e nervosismo. Todos estes sintomas melhoram com a interrupção da viagem, mas podem persistir por até três dias.

“O nosso equilíbrio se dá com o auxilio da visão, propriocepção (percepção da posição do corpo no espaço) e do labirinto (que faz parte da orelha interna). Entretanto, quando as informações enviadas ao cérebro são conflitantes, podemos ter tontura, vertigem e, consequentemente, enjoo.” – explica o fonoaudiólogo Cleiton Fortes da FONOTOM. A cinetose acontece quando os sinais que o cérebro recebe através dos olhos são diferentes do movimento sentido pelo corpo.

Por exemplo, quando se viaja de barco, especialmente no mar, é possível que o corpo sinta que está subindo e descendo na ondulação, mas os olhos podem não verificar essa alteração, o que faz com que o cérebro receba sinais diferentes, desenvolvendo a sensação de mal estar e enjoo. Esse mal acomete grande porcentagem da população e costuma piorar quando as pessoas tentam ler ou usar o celular enquanto estão em movimento. Estudos apontam que a cinetose é mais frequente em crianças, manifestando-se por volta dos seis e sete anos de idade e relatam que o pico do transtorno se dá por volta dos dez anos. A prevalência de tonturas de origem vestibular na população infantil varia entre 7 e 15 %.

Além do mal-estar sentido durante as viagens, a criança pode ter vertigem paroxística da infância (crise rápida de vertigem que acomete crianças saudáveis) e enxaqueca. Elas tendem a evitar brincadeiras que envolvam movimentos giratórios, principalmente em parques de diversão. Evitam também os esportes, alguns jogos e brinquedos específicos.

“As crianças evitam correr com as outras, reclamam quando andam de carro, ficam mais quietas e evitam a atividade esportiva. Mesmo quando tentam entrar na brincadeira, logo sentam e reclamam de cansaço ou mal-estar” – explica Cleiton. É importante lembrar que as crianças possuem mais dificuldade em identificar e relatar alguns desses sintomas, o que pode retardar o diagnóstico.

As causas da cinetose ainda são desconhecidas. Uma das hipóteses é que ela ocorra devido a um conflito sensorial, a uma imaturidade do sistema vestibular, que pode ou não estabilizar-se com o avanço da idade.

Tratamento para cinetose A tontura tem tratamento! Por isso, inicialmente recomenda-se uma consulta com um médico para se avaliar o paciente, solicitar exames fonoaudiológicos para analisar da audição e o labirinto.

Uma opção de tratamento para a cinetose é a reabilitação vestibular, e os resultados são animadores. A terapia consiste em exercícios específicos e personalizados pelo fonoaudiólogo, após avaliação. O treinamento geralmente é realizado em atendimentos semanais com o fonoaudiólogo e depois diariamente em casa. Os exercícios repetitivos ajudam o sistema vestibular a se habituar aos estímulos de visuais e de movimento, condicionando o organismo.

Infelizmente, muitas pessoas não tratam a cinetose adequadamente. O mais comum é que a pessoa não busque ajuda ou simplesmente evite as situações de conflito, o que não é o ideal. A disfunção pode ser extremamente incômoda e até incapacitante, interferindo nas atividades cotidianas. Além disso, o labirinto das pessoas com este tipo de disfunção é mais sensível e, dependendo dos hábitos de vida e condições de saúde, pode vir a desenvolver alguma labirintopatia no futuro, como a labirintite.

Reabilitar e treinar o labirinto de forma organizada por meio da reabilitação vestibular é uma conquista e uma liberdade para as pessoas que queiram desfrutar bons momentos em viagens, seja na terra, na água ou no ar!
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