O que fazer se seu filho falhou no teste da orelhinha?

Uma falha no teste da orelhinha não significa que a criança apresenta perda auditiva, mas é essencial monitorar a audição para tomar as medidas preventivas futuras para garantir o bom desenvolvimento do bebê.

TESTE DA ORELHINHA A triagem auditiva neonatal, também popularmente conhecida como teste da orelhinha, é um exame fundamental realizado em recém-nascidos para detectar precocemente problemas auditivos. Ele é um exame gratuito e obrigatório em todas as maternidades brasileiras e é essencial para o desenvolvimento adequado da linguagem e da comunicação, sendo recomendado por autoridades de saúde em todo o mundo. Mas o que fazer se seu filho falhou no teste? Vamos explorar a importância do teste e quais são os tratamentos e terapias disponíveis para os recém-nascidos reprovados no teste.

A audição é um sentido essencial para o desenvolvimento cognitivo e social de uma criança. Detectar problemas auditivos logo no início da vida permite intervenções precoces que podem minimizar ou até eliminar impactos negativos no desenvolvimento da fala, da linguagem e das habilidades sociais. O teste da orelhinha é um exame simples, indolor e rápido, geralmente realizado nas primeiras 48 horas de vida do bebê ainda na maternidade.

A triagem auditiva neonatal é realizada por meio de um pequeno dispositivo que emite sons leves no ouvido do bebê enquanto ele dorme ou está tranquilo. Sensores captam as respostas das células ciliadas da cóclea (uma parte do ouvido interno), verificando se o sistema auditivo está funcionando corretamente. O exame dura apenas alguns minutos e não causa desconforto ao recém-nascido.

Quais as implicações de falhar no teste da orelhinha? É importante ressaltar que falhar no teste da orelhinha não significa necessariamente que o bebê tem um problema auditivo permanente. Diversos fatores podem interferir no resultado do exame, como a presença de líquido amniótico no canal auditivo, movimentação excessiva do bebê durante o teste ou mesmo resíduos de vernix caseoso (substância que recobre a pele do recém-nascido).

Quando o bebê falha na triagem auditiva, é recomendada a repetição do exame após algumas semanas, até 30 dias no máximo. Se o resultado ainda indicar uma falha, um encaminhamento para um fonoaudiólogo deve ser feito para uma avaliação mais detalhada. O profissional realizará outros exames, de acordo com a idade do bebê. A audiometria com reforço visual pode ser realizada a partir dos 6 meses de idade. Já a imitanciometria, Emissões Otoacústicas e PEATE/BERA podem ser realizados desde o nascimento. O fonoaudiólogo, realizará o acompanhamento do bebê para confirmar a existência de perda auditiva. O ideal é que essa fase seja definida até os 3 meses de vida da criança. Importante ressaltar que esse monitoramento audiológico deve ser realizado pelo fonoaudiólogo juntamente com um médico otorrinolaringologista, que é o profissional responsável por indicar o tratamento mais indicado para cada caso.

Caso uma perda auditiva seja confirmada após exames complementares, o médico fará o diagnóstico da perda auditiva para que possa ser indicada a melhor forma de tratamento possível para cada caso.

Existem várias opções de tratamento e terapias disponíveis que podem ajudar no desenvolvimento da criança:

Aparelhos auditivos: Pequenos dispositivos que amplificam os sons, facilitando a audição. São ajustados conforme a necessidade específica de cada criança. Essa deve ser sempre a primeira opção casa haja o diagnóstico de perda. A criança irá passar por uma adaptação e acompanhamento constante para verificar a evolução e o grau de perda.

Implante coclear: Para casos de perda auditiva severa a profunda, o implante coclear pode ser uma opção. Este dispositivo eletrônico substitui a função da cóclea danificada, enviando sinais diretamente ao nervo auditivo.

Terapia fonoaudiológica: A terapia com um fonoaudiólogo é essencial para estimular o desenvolvimento da linguagem e da comunicação. O acompanhamento fonoaudiológico deve ser contínuo e adaptado conforme a evolução da criança, desde o início da reablitação auditiva, seja ela com próteses auditivas ou cirurgia para implante coclear.

Intervenção Educacional: Em alguns casos, a criança pode necessitar de apoio adicional no ambiente escolar. Programas de educação especial e o uso de tecnologia assistiva podem fazer uma grande diferença no desempenho acadêmico e na integração social.

O mais importante a ser lembrado é que o bebê que apresente alterações no teste da orelhinha deve ser reavaliado até os 3 anos de idade, seja com exames, avaliação clínica e, principalmente, monitorando os marcos do desenvolvimento definidos pela Organização Mundial de Saúde, em 2006, descritos abaixo.

Recém-Nascido – acorda com sons fortes

0-3 meses – acalma com alguns sons e músicas para ninar.

3-4 meses – presta atenção nos sons e começa a emitir alguns sons.

6-8 meses – localiza a origem do som, se o chamam da direita ou da esquerda, por exemplo, ou acompanha o som de um brinquedo e começa a balbuciar sons.

12 meses – entende ordens simples (aqui! dá tchau! cadê papai?), balbucia cada vez mais frequentemente e algumas vezes já consegue formar as primeiras palavras como “mamá”.

18 meses – fala no mínimo seis palavras.

2 anos – produz frases com duas palavras (quero água, quero mamãe).

3 anos – produz sentenças curtas.

Em 2022, o Centers of Disease Control and Prevention (CDC) fez uma revisão destes marcos, e acrescendo as idades de 15 e 30 meses, formando 12 listas de verificação de 2 meses a 5 anos de idade.Veja lista completa no post Marcos do Desenvolvimento Infantil.

Vale lembrar que o fato de o bebê passar na triagem auditiva não garante que ele sempre ouvirá bem, pois pode ocorrer uma perda de audição tardiamente. Sendo assim, é muito importante que a família esteja sempre atenta ao comportamento da criança, e procure um especialista caso suspeite que ela não está ouvindo bem. Por isso, o acompanhamento audiológico deve ser realizado durante toda a infância, especialmente na fase de desenvolvimento. Isso é vital para evitar problemas como o atraso de fala ou deficiências no aprendizado.

Avaliar a audição é essencial para garantir o desenvolvimento saudável das capacidades auditivas e comunicativas do bebê. Falhar no teste inicial não deve ser motivo de pânico, mas sim de atenção e acompanhamento cuidadoso. Com as intervenções adequadas, é possível proporcionar à criança todas as oportunidades de crescimento e desenvolvimento, minimizando os impactos de uma eventual perda auditiva. Se seu filho falhou no teste da orelhinha, siga as orientações médicas e busque os tratamentos e terapias indicados para garantir um futuro saudável e pleno para seu pequeno.
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