Pouca gente sabe, mas quando pensamos em envelhecimento saudável, o cuidado com a audição é essencial para uma velhice mais feliz. O envelhecimento é um processo natural que traz consigo transformações físicas, emocionais e sociais. Diante disso, campanhas como o Junho Violeta ganham destaque ao conscientizar a população sobre a importância de denunciar todo e qualquer tipo de violação dos direitos da pessoa idosa – o que inclui os cuidados com a saúde e a qualidade de vida dessas pessoas.
Este mês é dedicado à reflexão sobre o bem-estar da terceira idade, o que está diretamente ligado à manutenção da saúde auditiva, um aspecto muitas vezes negligenciado, mas fundamental para a autonomia e a felicidade dos mais velhos. É essencial que profissionais de saúde abordem esse tema e conscientizem familiares e equipes de saúde.
O que é o Junho Violeta?
O Junho Violeta visa conscientizar a sociedade sobre a importância de proteger e respeitar a pessoa idosa, combatendo todas as formas de violência e negligência que possam afetar esse grupo. A data central da campanha é o 15 de junho, reconhecido pela Organização das Nações Unidas (ONU) como o Dia Mundial de Conscientização da Violência contra a Pessoa Idosa.
Infelizmente, os números são alarmantes. Em 2024, o Disque 100, canal oficial do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania, registrou mais de 179 mil denúncias de violência contra idosos no Brasil. Esses dados evidenciam a urgência de ações que promovam o bem-estar e a segurança dessa população.
A campanha também serve como um alerta sobre os desafios enfrentados pelos idosos, especialmente no que diz respeito à saúde e à inclusão. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a população com 60 anos ou mais no Brasil deve dobrar até 2042, representando cerca de 25% dos habitantes. Com esse crescimento, é essencial promover políticas e ações que garantam um envelhecimento saudável e ativo.
Cuidados gerais com a saúde do idoso
A campanha chama atenção para problemas como isolamento social, quedas e doenças crônicas, que podem ser agravados por condições como a perda auditiva. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), aproximadamente um terço das pessoas acima de 65 anos sofrem de algum grau de deficiência auditiva, número que sobe para quase 50% entre aqueles com mais de 75 anos. A falta de diagnóstico e tratamento adequado pode levar a complicações graves, incluindo declínio cognitivo, depressão e maior risco de acidentes.
Para que os idosos tenham uma vida mais segura e independente, é fundamental adotar medidas preventivas, que vão desde alimentação balanceada e prática de exercícios físicos até a adequação do ambiente doméstico. A Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) recomenda:
● Eliminar tapetes soltos (que aumentam o risco de quedas);
● Instalar barras de apoio no banheiro;
● Melhorar a iluminação em casa.
Segundo a OMS, as quedas são a segunda maior causa de mortes acidentais no mundo.
Além disso, é essencial manter consultas médicas regulares para monitorar condições como hipertensão, diabetes e problemas de visão e audição. Fatores estes que podem impactar diretamente diretamente o envelhecimento saudável.
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Relatório Global sobre Doenças de 2016, estimou que a perda auditiva e a perda de visão foram, respectivamente, a segunda e a terceira deficiências mais comuns no mundo.
Os impactos da perda auditiva, além das áreas social e emocional, afetam as habilidades cognitivas.
Estudos apresentaram a relação entre a perda auditiva e o declínio cognitivo causado pelo esforço de escuta, sendo a surdez um potencial fator de risco, modificável, para o desenvolvimento de demência.
Muitos idosos demoram a perceber que estão com dificuldades para ouvir, atribuindo o problema ao "envelhecimento natural". No entanto, a perda auditiva não tratada pode acelerar o declínio cognitivo, como aponta estudos publicados pela Johns Hopkins University e na revista Lancet (2024), que demonstraram que idosos com perda auditiva não corrigida têm até cinco vezes mais chances de desenvolver demência. No entanto, os pesquisadores demonstraram que a perda auditiva é um potencial fator de risco, modificável, para o desenvolvimento de demência.
Avaliar a audição e reabilitar a perda auditiva o mais precocemente possível faz parte dos cuidados para o envelhecimento saudável, com qualidade de vida e bem-estar.
A importância da audição na terceira idadeo
A audição desempenha um papel fundamental na comunicação, equilíbrio e segurança do idoso. Quando um idoso começa a perder a capacidade de ouvir, ele pode apresentar sinais como:
● Dificuldade para entender conversas, especialmente em ambientes ruidosos;
● Aumento do volume da TV ou do rádio;
● Isolamento social, evitando interações por medo de não compreender o que é dito;
● Zumbidos frequentes (tinnitus), que podem indicar danos auditivos;
● Desequilíbrio e tonturas, já que o ouvido interno está ligado ao sistema vestibular, responsável pelo equilíbrio.
A tecnologia a favor da audição na terceira idade
Muitas pessoas resistem em buscar ajuda por acreditarem que a perda auditiva é "irreversível" ou "natural da idade", ou ainda que o uso de aparelhos é constrangedor. Mas isso não é verdade. Envelhecer ouvindo bem é possível e essencial para um envelhecimento saudável.
A tecnologia evoluiu constantemente e hoje oferece dispositivos discretos, eficientes e adaptáveis a diferentes graus de perda auditiva. Muitos deles têm conexão via Bluetooth e podem ser ajustados remotamente, facilitando o uso diário.
O primeiro passo é realizar uma avaliação audiológica completa, que inclui testes como audiometria e imitanciometria, para identificar o tipo e o grau da deficiência. O fonoaudiólogo interpreta os exames e indica o melhor dispositivo para a necessidade do paciente.
Os aparelhos auditivos não apenas melhoram a comunicação, mas também trazem benefícios significativos para a saúde mental e física. Pesquisas da American Speech-Language-Hearing Association (ASHA) mostram que idosos que utilizam aparelhos auditivos apresentam:
● Melhora na qualidade de vida e nas relações sociais;
● Redução do risco de declínio cognitivo;
● Menor incidência de depressão e ansiedade;
● Maior equilíbrio e redução de quedas.
Com tantas vantagens e com a democratização dos aparelhos auditivos, essa tecnologia tornou-se uma opção viável para garantir que os idosos possam desfrutar da velhice sem os impactos negativos da perda auditiva.
É importante lembrar que o acompanhamento fonoaudiológico é essencial para garantir que o aparelho esteja ajustado corretamente e que o idoso esteja se adaptando bem ao dispositivo, realizando as manutenções necessárias.
O Junho Violeta é mais do que uma campanha de conscientização; é um chamado à ação para toda a sociedade. Cuidar da saúde auditiva dos idosos, adaptar ambientes para sua segurança e promover o respeito são passos fundamentais para garantir uma vida digna e feliz na terceira idade.
A prevenção e o cuidado são as melhores formas de demonstrar amor e respeito por aqueles que tanto contribuíram para a sociedade.
Se você ou um familiar idoso apresenta sinais de dificuldade para ouvir, não ignore os sintomas. Procure a ajuda de um fonoaudiólogo e viva melhor!