Herpes Zoster e Perda Auditiva: qual a relação?

Considerada uma infecção viral comum e bastante dolorida, a herpes zoster pode levar a uma série de complicações, incluindo a perda auditiva. Saiba como identificar e tratar o problema.



Recentemente, muitas pessoas têm se dado conta da importância do tratamento do Herpes Zoster, impulsionado por campanhas de saúde. No entanto, poucas pessoas sabem que essa doença pode trazer impactos para a audição. O herpes zoster, conhecido popularmente como "cobreiro," é uma infecção viral causada pelo mesmo agente da varicela, o vírus Varicela-Zóster. Embora seja mais conhecido por causar lesões dolorosas na pele, ele também pode comprometer o sistema nervoso e causar uma série de complicações, incluindo a perda auditiva. Este problema pode ser particularmente grave e exige atenção, principalmente em pacientes que já apresentam outras condições de saúde.

Após a infecção inicial pelo vírus da varicela, geralmente na infância, o Varicela-Zóster pode permanecer adormecido no corpo, alojado nos gânglios nervosos. Com o passar dos anos, e diante de uma baixa no sistema imunológico, o vírus pode ser reativado, causando o herpes zoster. Em casos em que a reativação do vírus ocorre próximo aos nervos cranianos, ele pode afetar diretamente a audição, levando à chamada síndrome de Ramsay Hunt, uma condição que pode resultar em perda auditiva e outras complicações otológicas.

A síndrome de Ramsay Hunt é uma complicação rara do herpes zoster que ocorre quando o vírus afeta o nervo facial próximo ao ouvido. Essa condição é caracterizada principalmente por uma paralisia facial unilateral (em um lado do rosto) e pela presença de lesões dolorosas e pequenas bolhas no ouvido ou na boca. Além desses sintomas, a síndrome pode causar perda auditiva, zumbido e vertigem, pois a infecção compromete o nervo vestibulococlear, responsável pelo equilíbrio e audição.

Como a Herpes Zoster afeta a audição? Quando o herpes zoster envolve o nervo facial e os nervos cranianos próximos, a infecção pode inflamar o nervo vestibulococlear, responsável pela audição e pelo equilíbrio. A inflamação deste nervo é uma das principais causas de perda auditiva súbita em pacientes com herpes zoster oticus, uma variante do vírus que afeta a região da orelha. A infecção pode resultar em perda auditiva neurossensorial, uma condição onde o dano ocorre nas células sensoriais da cóclea ou nas vias auditivas do cérebro.

Além da perda auditiva, pacientes com herpes zoster oticus podem experimentar sintomas adicionais, como dor intensa na orelha e ao redor da área afetada, vesículas na orelha ou no canal auditivo externo e paralisia facial. O ouvido afetado pode apresentar zumbido e o paciente pode relatar episódios de vertigem, com perda do equilíbrio. Esses sintomas afetam significativamente a qualidade de vida dos pacientes, tornando o diagnóstico precoce e o tratamento essencial para evitar complicações duradouras.

A relação entre herpes zoster e perda auditiva tem ganhado atenção em estudos médicos recentes. Um estudo publicado em 2023 no Journal of Otology aponta que cerca de 12% dos casos de herpes zoster oticus resultam em algum nível de perda auditiva permanente, reforçando a importância do tratamento rápido e adequado. Além disso, a incidência de herpes zoster tem aumentado devido ao envelhecimento da população, o que também coloca mais pessoas em risco de desenvolver problemas auditivos associados a essa infecção.

Diagnóstico do Herpes Zoster e complicações auditivas O diagnóstico do herpes zoster geralmente é clínico, com base nos sintomas e na presença de lesões características. No entanto, para casos de suspeita de complicações auditivas, exames adicionais podem ser necessários. Para identificar o impacto do herpes zoster na audição, principalmente quando há suspeita de perda auditiva, ou outras complicações como zumbido e tontura, são utilizados diversos testes auditivos e exames otoneurológicos específicos. Esses exames ajudam a determinar o grau de comprometimento auditivo e a função do equilíbrio.

Entre os principais exames auditivos estão a audiometria, que avalia o nível de perda auditiva, determinando a intensidade mínima que uma pessoa consegue ouvir sons em diferentes frequências, e o exame de emissões otoacústicas, que avalia a função das células ciliadas externas na cóclea, e pode detectar alterações antes mesmo que os limiares estejam alterados na audiometria tonal.

Outro exame muito útil em casos de perda auditiva por herpes zoster é o PEATE/BERA, por ser um exame neurodiagnóstico das vias auditivas e no nervo auditivo, complementando a avaliação do impacto neurológico do herpes zoster na audição. Por fim, a VENG (Videoeletronistagmografia) é um exame otoneurológico indicado para avaliar pacientes com vertigem e perda de equilíbrio.

Tratamento para perda auditiva causada pelo Herpes Zoster O tratamento do herpes zoster é baseado em antivirais e outras abordagens terapêuticas para controlar os sintomas e minimizar o impacto da infecção nos nervos auditivos. As opções incluem:

Medicamentos Antivirais: O uso de antivirais é essencial para controlar a replicação do vírus e reduzir a duração e a intensidade dos sintomas. Estudos indicam que a administração precoce de antivirais, idealmente nas primeiras 72 horas após o surgimento das lesões, pode reduzir significativamente a probabilidade de complicações permanentes.

Corticosteroides: Os corticóides, como a prednisona, são frequentemente usados em conjunto com os antivirais para reduzir a inflamação dos nervos afetados. Eles podem auxiliar na preservação da função auditiva ao minimizar o edema e a inflamação no nervo vestibulococlear. É importante lembrar que o uso de qualquer tipo de medicamento só deve ser realizado com acompanhamento médico.

Terapias Auditivas: Em casos de perda auditiva irreversível, tratamentos de reabilitação auditiva, como o uso de aparelhos auditivos, podem ser indicados para melhorar a qualidade de vida do paciente. Esses dispositivos podem ajudar a compensar a perda auditiva e auxiliar na melhora do zumbido.

Terapia de Reabilitação Vestibular: A fonoterapia para tratamento vestibular é recomendada para pacientes que também sofrem de vertigem e desequilíbrio devido ao herpes zoster. Esse tipo de terapia ajuda a melhorar o equilíbrio e a reduzir sintomas de tontura por meio de exercícios personalizados, conduzidos por fonoaudiólogos especializados.

A identificação precoce dos sintomas é essencial para evitar complicações maiores. A perda auditiva causada pelo herpes zoster nem sempre é reversível, especialmente se o tratamento não for iniciado rapidamente. De acordo com a American Academy of Otolaryngology, a probabilidade de recuperação completa da audição é significativamente maior quando o tratamento com antivirais e corticosteroides é iniciado dentro das primeiras 72 horas após o surgimento dos sintomas.

Para pacientes com perda auditiva permanente, a reabilitação auditiva e o acompanhamento com um fonoaudiólogo são essenciais. Um profissional de fonoaudiologia pode auxiliar na adaptação a aparelhos auditivos, realizar avaliações periódicas e sugerir estratégias de comunicação para facilitar a vida do paciente. Além disso, reabilitação auditiva pode ajudar a reduzir os impactos sociais e emocionais da perda auditiva, promovendo uma melhor qualidade de vida.

O envelhecimento populacional e o consequente aumento nos casos de herpes zoster indicam que a conscientização sobre essa condição é mais importante do que nunca. Nesse sentido, os profissionais de fonoaudiologia têm um papel crucial em oferecer suporte, diagnóstico e tratamento audiológicos para os pacientes que enfrentam as consequências auditivas do herpes zoster, auxiliando-os na reabilitação e na melhoria de sua qualidade de vida.
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