Hipersensibilidade auditiva na infância: quando ouvir se torna um desconforto
A otosclerose é uma condição que afeta o ouvido médio, causando perda auditiva progressiva. Saiba como a doença interfere na audição e como o uso de aparelhos auditivos pode ajudar no tratamento.
A otosclerose é uma condição silenciosa, que pode demorar a ser percebida e que costuma ser mais comum em pessoas acima dos 20 anos. Ela afeta o ouvido interno e médio, sendo uma das principais causas de perda auditiva progressiva. Essa doença se caracteriza pela formação anormal de osso esponjoso na região da orelha média, mais especificamente na base do estribo, um dos três ossículos responsáveis pela condução do som. Esse processo afeta diretamente a mobilidade do estribo, que deixa de vibrar adequadamente, prejudicando a transmissão do som até o ouvido interno. Isso traz uma série de impactos negativos na vida do paciente. A boa notícia é que a condição pode ser tratada seja com cirurgia ou com a ajuda de aparelhos auditivos.
O processo de otosclerose geralmente começa de forma lenta e é progressivo. Muitas vezes, as pessoas acometidas pela doença não percebem imediatamente os primeiros sinais de perda auditiva, o que pode retardar o diagnóstico. O fator genético é bastante relevante, sendo a doença mais comum em pessoas com histórico familiar. Além disso, fatores hormonais, como a gravidez, podem acelerar a progressão da doença, especialmente em mulheres jovens.
A condição tende a ser hereditária, sendo mais comum em famílias com histórico da doença. Cerca de 50% das pessoas com otosclerose têm algum parente próximo que também apresenta otosclerose. O desequilíbrio hormonal, principalmente do estrogênio, é apontado como um dos fatores que podem influenciar o desenvolvimento da otosclerose. Embora ainda não seja comprovado, algumas teorias sugerem que infecções virais, como o sarampo, podem desencadear ou acelerar o processo de otosclerose em pessoas geneticamente predispostas.
Como a Otosclerose afeta a audição?
O principal efeito da otosclerose sobre a audição está na condução do som. Para entender como a doença impacta a audição, é importante compreender o papel do estribo no processo auditivo. O som chega ao ouvido através do canal auditivo, atingindo o tímpano. A vibração do tímpano é então transmitida aos três ossículos da orelha média (martelo, bigorna e estribo). O estribo, por sua vez, está conectado à janela oval, que transmite as vibrações ao ouvido interno, onde os sinais sonoros são convertidos em impulsos elétricos para o cérebro.
Na otosclerose, o crescimento ósseo anormal na região do estribo impede que ele vibre corretamente, o que prejudica a condução dos sons para o ouvido interno. Isso resulta em perda auditiva condutiva, ou seja, o problema está na transmissão do som desde o ouvido externo até o ouvido interno. Nos casos mais graves, a otosclerose também pode afetar a cóclea, causando perda auditiva mista (condutiva e neurossensorial), o que agrava ainda mais o quadro.
Além da perda auditiva, outros sintomas podem acompanhar a otosclerose, como zumbido (tinnitus) e, em alguns casos, vertigem. O zumbido ocorre porque a estrutura alterada do estribo pode gerar ruídos indevidos no ouvido. Já a vertigem acontece quando o crescimento ósseo afeta estruturas adjacentes que são responsáveis pelo equilíbrio.
Diagnóstico e tratamento da otosclerose
O diagnóstico da otosclerose envolve uma combinação de exames clínicos, de imagem e audiológicos. O exame otoscópico, embora fundamental, não é capaz de detectar a otosclerose diretamente, uma vez que a doença afeta a região interna da orelha média. Portanto, o exame de audiometria, juntamente com a imitanciometria, é essencial para confirmar o diagnóstico. Outros exames complementares podem ser necessários.
O tratamento da otosclerose varia de acordo com o estágio da doença. O uso de aparelhos auditivos costuma ser uma solução eficaz para melhorar a qualidade auditiva. No entanto, para alguns casos a cirurgia pode ser recomendada.
Os aparelhos auditivos desempenham um papel fundamental no tratamento da otosclerose, quando o paciente prefere uma abordagem menos invasiva. O principal objetivo do aparelho auditivo é amplificar os sons externos, compensando a perda auditiva causada pela otosclerose.
Como a otosclerose é uma doença que afeta a condução do som, os aparelhos auditivos atuam amplificando os sons que chegam ao ouvido externo, de forma que mesmo com a mobilidade limitada do estribo, o som amplificado consegue ser transmitido ao ouvido interno com maior eficácia. Dessa forma, o aparelho auditivo ajuda a restabelecer a percepção sonora do paciente, melhorando sua qualidade de vida e sua capacidade de comunicação.
A escolha do aparelho auditivo adequado depende do grau da perda auditiva. Em casos de otosclerose, geralmente são recomendados aparelhos auditivos retroauriculares, que ficam posicionados atrás da orelha e possuem maior potência para amplificação. Esses dispositivos podem ser ajustados de acordo com o nível de perda auditiva do paciente, proporcionando uma experiência auditiva personalizada.
Vale lembrar que para aqueles que sofrem com otosclerose, é essencial acompanhar regularmente a evolução da doença junto a um médico otorrinolaringologista e um fonoaudiólogo especialista em audiologia e realizar ajustes no tratamento conforme necessário, realizando exames auditivos periodicamente. O avanço da tecnologia de aparelhos auditivos também tem permitido que os pacientes com otosclerose obtenham resultados cada vez mais satisfatórios, oferecendo uma melhora significativa na sua capacidade auditiva e, consequentemente, na sua qualidade de vida.
Quem sofre de otosclerose não precisa se preocupar, sempre haverá um tratamento indicado para cada caso, trazendo de volta qualidade de vida e boa comunicação.