Hipersensibilidade auditiva na infância: quando ouvir se torna um desconforto
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perda auditiva e insuficiência renal
são duas condições de saúde que, à primeira vista, podem parecer não relacionadas. No entanto, pesquisas mostram que existe uma conexão significativa entre essas duas condições. Um time de pesquisadores australianos descobriu que adultos em meia-idade que convivam com doença renal crônica têm mais chances de desenvolver perda auditiva do que aqueles de mesma idade, mas que não convivem com essa doença. O estudo com os resultados da pesquisa foi publicado no American Journal of Kidney Diseases. Mas afinal, qual motivo leva os pacientes com insuficiência renal crônica a apresentarem problemas auditivos? A gente explica!Os rins são vitais para o bom funcionamento do nosso organismo. Eles desempenham um papel vital na manutenção do equilíbrio eletrolítico do corpo. Quando os rins falham, há um acúmulo de substâncias como potássio e sódio no sangue. Esses desequilíbrios podem afetar o funcionamento normal das células ciliadas na cóclea, que são essenciais para a audição.
Lentamente, a insuficiência renal leva ao acúmulo de toxinas no sangue, como a ureia. Altos níveis de substância tóxicas no sangue podem ser nocivos para as células auditivas e outros componentes do ouvido interno, resultando em danos progressivos à capacidade auditiva.
Outro ponto importante é que pacientes com insuficiência renal muitas vezes necessitam de vários medicamentos para gerenciar sua condição. Alguns desses medicamentos, como antibióticos aminoglicosídeos e diuréticos, são ototóxicos e podem causar perda auditiva como efeito colateral.
Por fim, a hipertensão é um problema, já que ela é comum em pacientes com insuficiência renal e pode causar danos aos vasos sanguíneos do ouvido interno, comprometendo a função auditiva. Viu como todos os sistemas estão ligados?
Quais os sintomas da perda auditiva associada à insuficiência renal? Os sintomas de que algo vai mal com a audição são muitos parecidos aos relatados por pacientes que não possuem problemas renais. Um dos mais comuns é o zumbido, uma condição caracterizada por um som constante ou intermitente nos ouvidos, como um apito ou chiado. Esse sintoma pode ser extremamente incômodo e afetar a qualidade de vida e possui uma infinidade de causas possíveis, que devem ser investigadas junto ao profissional de saúde.
Normalmente, a perda auditiva inicialmente tende a afetar a capacidade de ouvir sons agudos, como vozes femininas, canto dos pássaros, barulho da chuva ou o som de um telefone tocando. Isso ocorre porque as células ciliadas responsáveis por esses sons são mais suscetíveis aos danos causados pelas toxinas e má circulação, por exemplo.
Vale lembrar que a perda auditiva costuma começar de forma leve e progredir gradualmente, tornando-se mais severa com o tempo. Não é comum que a pessoa sinta uma grande diferença de um dia para o outro. Portanto, os sintomas são bem sutis, como dificuldade de ouvir a televisão ou de entender o que as pessoas dizem durante uma conversa. Essa progressão pode ser lenta, mas contínua, especialmente se a insuficiência renal não for adequadamente controlada.
Quais as opções de tratamento? Atualmente, existe uma série de opções que ajudam a lidar com a insuficiência renal e consequentemente com a possível perda auditiva associada. Os principais são:
1. Manejo da condição renal
O tratamento da perda auditiva em pacientes com insuficiência renal começa com o manejo adequado da condição renal. Isso pode incluir:
Diálise: A diálise ajuda a remover toxinas e a equilibrar os níveis de eletrólitos no sangue, o que pode reduzir os efeitos adversos na audição.
Transplante Renal: Em casos severos, um transplante renal pode ser a melhor opção para restaurar a função renal e, potencialmente, melhorar a audição.
2. Medicamentos e suplementos
Correção de desequilíbrios eletrolíticos: A administração de suplementos e a correção dos níveis de eletrólitos podem ajudar a proteger a audição.
Ajuste de medicamentos ototóxicos: Avaliar e ajustar a prescrição de medicamentos que podem ser ototóxicos é crucial para minimizar os danos auditivos.
Cuidados auditivos O uso de Aparelhos auditivos, pode ser indicado em casos de perda auditiva associada a insuficiência renal. São dispositivos amplificadores que podem ajudar pacientes com perda auditiva leve a moderada a ouvir melhor. Existem muitos modelos no mercado, com alta tecnologia e perfeitamente adaptáveis às necessidades de cada pessoa.
O acompanhamento regular da audição com um fonoaudiólogo é essencial para monitorar a progressão da perda auditiva e ajustar os tratamentos conforme necessário, incluindo para realizar a manutenção adequada dos dispositivos auditivos. Avaliações audiológicas periódicas podem ajudar a identificar mudanças na audição e a implementar intervenções precoces.
Programas de reabilitação auditiva podem ajudar os pacientes a se adaptar à perda auditiva e a usar eficazmente aparelhos auditivos ou implantes cocleares.
Lidar com a perda auditiva e a insuficiência renal pode ser desafiador. O apoio psicológico pode ajudar os pacientes a gerenciarem o estresse e a ansiedade associados a essas condições.
Prevenir a perda auditiva em pacientes com insuficiência renal envolve uma abordagem ampla, que engloba iniciativas diárias. Manter a pressão arterial sob controle pode reduzir o risco de danos auditivos, assim como é essencial regular os níveis de eletrólitos. Isso deve ser discutido com o profissional de saúde, que irá indicar a melhor conduta. Pacientes e médicos devem estar cientes dos potenciais efeitos ototóxicos dos medicamentos e buscar alternativas quando possível. É importante que o paciente realize exames auditivos regularmente, para certificar-se de que a audição não está sendo afetada e realizar um acompanhamento constante de todas as variáveis que envolvem o tratamento da condição renal.
A relação entre perda auditiva e insuficiência renal é complexa e multifatorial. Compreender essa conexão é crucial para o manejo eficaz de ambas as condições. O tratamento adequado da insuficiência renal, combinado com intervenções audiológicas, pode melhorar significativamente a qualidade de vida dos pacientes. A prevenção, o diagnóstico precoce e o tratamento contínuo ainda são as melhores maneiras de mitigar os impactos da perda auditiva associada à insuficiência renal.